Derrotando o Fogo

4 jul, 2017Working on Fire Brasil

Pelo 3o ano consecutivo a prestigiada Revista Online B-Forest convidou a Working on Fire Brasil para participar sobre as discussões sobre prevenção e combate a incêndios florestais. Neste artigo, Daniel Santos, comenta que o aquecimento global tem sido um importante catalizador para estudos sobre incêndios florestais.

Planejar a prevenção de eventuais incidências de incêndios florestais é indispensável para o sucesso dos empreendimentos. Porém, quando a prevenção ou detecção precoce não são possíveis, é preciso que as empresas do setor estejam preparadas e habilitadas a combater o fogo da forma mais eficaz e segura possível. Para isso, é importante conhecer as tecnologias disponíveis no mercado, visando à máxima redução de riscos e custos. Saiba mais nesta reportagem!

É comum escutarmos que as forças da natureza são imprevisíveis, e que não é plausível que uma empresa consiga proteger seu empreendimento de todos os infortúnios e desastres naturais possíveis. Embora a sabedoria popular não esteja inteiramente equivocada neste aspecto, é possível, sim, planejar com responsabilidade e conhecimento e implementar novas tecnologias para incrementar as chances de sucesso diante dessas variáveis naturais. Quando a variável em questão é o fogo, os empreendi-mentos florestais podem – e devem – investir em técnicas e tecnologias para prevenção e o combate a incêndios florestais, pois os resultados desses investimentos são claros e tangíveis.

“O fogo é algo que sempre des-pertou muito interesse no homem. Já temos muito conhecimento acumulado, mas também são frequentes as novas hipóteses e descobertas. A preocupação sobre os eventuais impactos do aquecimento global nos incêndios florestais tem sido um grande motivador de interessantíssimos estudos”, destaca Daniel Santos, executivo da Working on Fire Brazil.

Santos enfatiza que outro ponto de grande atenção para os estudiosos do setor, provavelmente já ocasionados pelo aquecimento global, é a incidência cada vez mais frequente de incêndios catastróficos em diversas partes do globo, como as ocorrências recentes no Canadá, Chile, Estados Unidos, Ilha da Madeira, Indonésia, Portugal etc. Apesar disso, no Brasil, a principal causa dos incêndios em florestas plantadas permanece sendo a ação criminosa. As causas naturais, embora ocorram, são menos frequentes (e são parte fundamental do ciclo de alguns biomas). Isso significa que o setor florestal tem grandes desafios pela frente se quiser reduzir ao máximo a incidência de incêndios graves.

“Os desafios são muitos. Temos que avançar na questão dos treinamentos, evoluir na elaboração de planos de prevenção e combate, trabalhar nas certificações dos produtos, sobretudo para o uso dos aditivos supressantes, no desenvolvimento de novos equipamentos e ferramentas, entre outros. Além disso, ainda é necessária a sensibilização de determinadas empresas para a importância desse tema, incluindo nas agendas, os programas e as campanhas prevencionistas”, diz Cândido Simões, gerente de vendas florestal da Guarany.

Para André Feldman, diretor de vendas e marketing da Agro Robotics, a falta de orçamento específico no mercado público faz com que não exista detecção, existindo, em raros casos, uma pequena equipe de combate, que normalmente é  avi-sada de forma tardia e não tem estrutura para combater um incêndio já em grandes proporções.

“No mercado privado, por sua vez, existem dificuldades em contratar e reter mão de obra qualificada que esteja disposta a trabalhar em torres de até 50 metros de altura. Isso, combinado com as leis trabalhistas, faz com que essa seja uma profissão do passado, pois é muito mais atrativo trabalhar em uma sala de operações com arcondicionado e refeições quentes, sendo auxiliado por hardware e software de alta tec-nologia, trabalhando com muito maior assertividade”, analisa.

Combate tecnológico

As tecnologias em questão podem ser divididas em duas áreas específicas: detecção e combate a incêndios florestais. Enquanto a primeira está ligada à ação preventiva rápida, para evitar a propagação do fogo, a segunda entra em ação quando o incêndio já passou dessa fase, e precisa ser extinto com ações de intervenção em maior escala.

“Toda engenharia de incêndios tem início com os sistemas de detecção e alarme. Esses sistemas fornecem o primeiro aviso de incêndio e podem ser muito sofisticados, detectando focos de fumaça ainda não visíveis para as pessoas. Ele consegue apontar o primeiro sinal de existência de um princípio de incêndio, que costuma ser fácil de apagar”, aponta Antonio Paulo Meyer, diretor presidente da EcoSafety Engenharia de Incêndio.

A Agro Robotics é uma das empresas que atua para oferecer soluções tecnológicas de detecção e combate a incêndios florestais.
“Desenvolvemos um software com um avançado algoritmo de detecção por fumaça que consegue vigiar uma área de até 100 km² e hardware com câmeras térmicas, que consegue detectar um foco de 1,5 metros de fogo com total segurança e de forma autônoma. Os gestores precisam saber que é possível tirar as pessoas de cima das torres e colocar um sistema automatizado, que funciona 24 horas por dia e sete dias por semana sem falhas”, explica André Feldman. Segundo ele, uma pessoa em três turnos consegue controlar até 30 torres com total segurança e eficácia.

Especialista no MIF (Manejo Integrado do Fogo) , a Working on Fire oferece serviço customizado para a área. “Implantamos em 2016 um primeiro projeto na Eldorado, com o sistema pioneiro global de detecção de incêndios florestais, o Firehawk, e temos excelentes expectativas para os próximos meses. Outro ponto de grande interesse é a aplicação de metodologias para elaboração de risco de fogo. Trabalhamos com uma ferramenta chamada AFIS (Advanced Fire Information System) que elabora relatórios de simples leitura, mas com altíssima sofisticação tecnológica na sua elaboração, de uma previsão de risco de fogo para os próximos cinco dias. A Eldorado também tem utilizado o AFIS e os relatórios emitidos por este software para auxiliar na sua gestão do MIF”, assegura Daniel Santos.

Já a Guarany, por sua vez, oferece equipamentos de combate a incêndios “desde as ferramentas manuais aos conjuntos de combate para utilização em veículos tipo pick-up, passando por supressantes e retardantes de chamas, sopradores, motobombas, acessórios e mangueiras especiais, assim como EPIs específicos para brigadistas florestais e certificados”, de acordo com o gerente de vendas florestal da companhia.

As tecnologias disponíveis no mercado atualmente, em suma, permitem a gestão inteligente e integrada dos plantios florestais de forma a prevenir, detectar e extinguir incêndios com grande redução de custo e de riscos.

Tendências integradas

De acordo com os especialistas do mercado, a tendência é que as tecnologias e as técnicas de gestão na área do manejo integrado do fogo sigam por esse caminho, conforme comprova o desenvolvimento de novos aditivos e equipamentos nesta área.

“Os aditivos supressantes e retardantes de chamas vêm sendo usados muito frequentemente, pois possibilitam um combate mais efetivo e grande economia de água. Outro equipamento que vem sendo utilizado em técnicas de combate a incêndios é o Soprador, também conhecido por Soprovarredor. Pode ser utilizado para o combate direto em alguns tipos de incêndios e também em combinação com outros equipamentos como os abafadores e bombas costais. Além do combate direto, têm sido utilizados na construção de aceiros, com muito boa resposta”, salienta Cândido Simões, da Guarany.

“Nos EUA, utiliza-se um agente chamado S500, um aditivo que pode ser misturado na água na proporção de 1%. Usase pouco, mas ele maximiza o poder de extinção da água em até 20 vezes. Para um incêndio florestal, os resultados são expressivos. Com pouca água, maximizando sua capacidade extintora, consegue-se apagar o fogo”, diz Antonio Paulo Meyer, diretor presidente da EcoSafety.

Além do desenvolvimento das tecnologias integradas, Daniel Santos, da Working on Fire, destaca uma crescente percepção internacional de que as mudanças climáticas aumentarão o risco de incêndios florestais desastrosos. “Com base nisto, tornase mais importante que as entidades e empresas se prepararem para gerenciar os incêndios de forma ainda mais efetiva. A tendência é que o foco seja voltado à prevenção dos incêndios, em vez da supressão reativa. Idealmente, devem ser investidos 80% dos recursos em prevenção e prontidão e apenas 20% em supressão”, relata.

Outras tendências apontadas pelos entrevistados é o aumento dos investimentos na área de proteção florestal, observando-se a relação direta dos desastres naturais (incêndios, secas e inundações) com as alterações do clima no planeta, além da implementação de sistemas de inteligência artificial para realizar o manejo não apenas da detecção, mas efetivamente do combate aos incêndios florestais. Portanto, o objetivo de todas as empresas, entidades e profissionais atuando neste setor é claro: que as florestas plantadas do futuro derrotem o fogo.

Leia o artigo original aqui.

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